Astrologias: Tibetana, Tibeto-mongol, Indiana e Chinesa

18/01/2021 22:00

Astrologias: Tibetana, Tibeto-mongol, Indiana e Chinesa

 
 

 

A astrologia foi desenvolvida em muitas partes do globo, e em diferentes períodos. A que é praticada hoje no ocidente, é uma colcha de retalhos de saberes de vários povos, desenvolvida durante milênios e se mostra bastante completa.

Antes de falar sobre as outras astrologias que ainda hoje são praticadas em países como o Tibete e a Índia, é necessário entender do que realmente trata essa ciência.

A astrologia é o estudo da interrelação do psiquismo humano com os ciclos naturais dos astros no céu. A lógica dessa interrelação está no fato de que o psiquismo, ou a mente, é construída de símbolos, próprios do indivíduo e também de símbolos coletivos.

Os símbolos internos da pessoa, se organizam para o funcionamento da mente, de forma espelhada ao simbolismo coletivo, já que todos somos humanos e temos um padrão de funcionamento mental estrutural básico.

A esse simbolismo coletivo, damos o nome de arquétipo, e de acordo com o conteúdo que ele apresenta, ele se relaciona com estruturas divinizadas no inconsciente coletivo, que em última análise representam os astros e seus ciclos no céu.

O arquétipo é formado da interpretação humanizada das forças e estruturas da natureza, representadas pelos Deuses antigos. Por tanto, eles tem um caráter de simbolismo da estrutura psíquica humana e também um caráter da estrutura da natureza em seu funcionamento, funcionando como um espelho de sincronicidade.

Então, um conteúdo simbólico pessoal (um planeta), se relaciona via inconsciente coletivo com um arquétipo (um planeta), que se relaciona com um astro no céu (um planeta).

Não é que, o que ocorre no céu faça acontecer algo no pessoal, e sim que são movimentos sincrônicos, onde se sente os efeitos subjetivos no pessoal, como marés levando o barco.

Geralmente, os arquétipos foram concebidos através da mitologia, em um esforço do ser humano de compreender o universo espiritual/natural, em uma época em que seu psiquismo ainda trabalhava de modo mais simbólico do que nosso racionalismo atual, onde o homem não se via apartado da natureza, muito pelo contrário, ele se via como parte integrante da natureza, como de fato ele é.

Nesse sentido, a astrologia apresenta um vocabulário simbólico rico para estudar o psiquismo, que por natureza é plástico, ou seja, pode ser organizado, para fins didáticos, de várias formas e considerando diversos pontos de vista.

Assim, se justifica que hajam várias formas de astrologias, desenvolvidas por diferentes culturas, com aspectos próprios, sobre um conteúdo plástico, que é o psiquismo. É como se diferentes povos fossem estudar anatomia, e cada um chamasse os diversos músculos do corpo humano por nomes distintos e organizassem suas estruturas de modos diferentes, mas os músculos em tese, são os mesmos.

A astrologia tibetana, tibeto-mongol e indiana se baseiam muito em um tantra chamado Kalachakra, que significa ciclos do tempo. Sua lógica diz que existem três tipos de ciclos: exteriores (do universo, representados pelos astros no céu), interiores (que são ciclos do corpo e mente, como as fases da vida, ciclos menstruais, etc) e ciclos alternativos, que referem-se a ciclos libertadores do karma e da roda de Samsara, ou reencarnações. Os três ciclos se relacionam sincrônicamente e se influenciam.

Todas essas astrologias consideram apenas os planetas até Saturno, portanto, trabalham com: Sol, Lua Mercúrio, Marte, Vênus, Júpiter e Saturno, além de dois pontos virtuais chamados no ocidente de Nodos Lunares (na Índia: Radu e Keter).

Em comum, também tem, junto com a astrologia ocidental, o fato de haver 12 signos zodiacais, 12 casas e cada astro apresentar uma casa e um signo dentro do mapa astrológico.

Uma diferença importante da astrologia ocidental para a tibetana e tibeto-mongol é a consideração do tipo de zodíaco, enquanto a ocidental usa o zodíaco tropical, que leva em conta o movimento de precessão do equinócio, as demais astrologias usam o zodíaco sideral, observando os planetas em relação as constelações, sem o ajuste preciso.

Vamos falar de cada uma delas com outros detalhes:

1) Tibetana

A astrologia tibetana é usada como complemento da medicina, no sentido de método. Funciona assim como as demais como princípio da interdependência.

Usa os cinco elementos, representados por cores, além do tempo, que seria como o sexto elemento, de forma que os princípios básicos do tempo determinam quais elementos estarão envolvidos na situação em análise. Assim as alterações dos elementos segundo os ciclos astrológicos, nos afetam mentalmente, fisicamente e energeticamente.

Além disso, é fortemente ligada ao budismo tibetano, possuindo inclusive um caráter meditativo.

Associa-se um animal a cada ano, sendo os animais: Rato, Elefante, Tigre, Coelho, Dragão, Cavalo, Cobra, Ovelha, Garuda, Macaco, Cão e Porco. Os animais também caracterizam meses, dias e horas. Combina-se ainda, a cada animal um elemento, o que resulta em um ciclo de 60 anos.

No Tibete, o lama astrólogo, chamado Tsi-pa pode fazer o chamado mapa da morte, que vai determinar quais cerimonias e protocolos deverão ser feitos ao falecido, bem como, prever qual será a nova morada para aquela alma e onde ele reencarnará.

 

2) Tibetato-mongol

 A astrologia tibeto-mongol tem muitos elementos indianos, como já disse, mas tem também elementos da astrologia grega antiga, da chinesa, da Ásia Central e dos nativos de Bon.

Através dela, se analisa tanto a carta natal, como mapas progredidos. Eles produzem almanaques com informações das posições dos planetas (efemérides) e do calendário para determinar os dias e horas mais ou menos auspiciosos.

São considerados para os cálculos os chamados cálculos brancos (derivados da Índia - refere-se as pessoas que vestem branco) e os cálculos negros (derivados da China e refere-se as pessoas que vestem negro).

Como se disse, considera o zodíaco sideral e os 12 signos para cálculo de horóscopos, porém para demais cálculos, considera também mais 27 ou 28 signos, relacionados a passagem da Lua Nova para cada uma das 27 ou 28 noites até a Lua Nova seguinte.

Em relação ao calendário, ele é Lunisolar, ou seja, considera os ciclos da Lua e do Sol, de forma que, o ano é dividido em12 ciclos lunares (de Lua Nova em Lua Nova) e para encaixar no ano solar, usam-se meses lunares extras e ainda se dobram ou omitem datas.

Através dos mapas tibeto-mongois, pode-se calcular a duração da vida da pessoa, analisando-se a proporção fixa de períodos regenciados pelos corpos celestes. Isso causa algum problema quando chega-se a conclusão que a pessoa já deveria estar morta e não está. Nesse sentido, interpreta-se como um assunto que está em seu kárma e deve ser refletido e meditado.

 

3) Indiana

De origem bastante antiga, influenciou e influencia as demais. Possui bastante elementos da astrologia grega antiga e usa o zodíaco tropical como no ocidente.

 

4) Chinesa

 A astrologia chinesa coloca elementos adicionais na interpretação de um mapa.

Primeiramente, ela relaciona os anos à 12 animais: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco. Também trabalha com os cinco elementos.

Fazem a combinação dos animais e dos elementos para o ano, o mês, a data e a hora (dividindo o dia de duas em duas horas)

Além disso, colocam mais elementos adicionais como o sistema de 8 trigramas, vindos do I-Ching, e por último atribuem 9 números do chamado quadrado mágico. Uma verdadeira obra de arte astrológica observar tantos elementos!

 

Natália Verdial