Igreja Ortodoxa Oriental
Igreja Ortodoxa Oriental
Para muitos de nós ocidentais de origem latina e africana, a noção de catolicismo nos remete diretamente ao vaticano, ao Papa e a padres celibatários, porém há todo um universo de cristãos chamados de ortodoxos, com credos e características que nos soa exóticas e que vivem as suas verdades tão longe de nossos olhos.
A igreja Ortodoxa Oriental surgiu em 1054, depois do cisma entre as igrejas cristãs e se levantou como oposição a igreja de Roma. Dessa forma não reconhece o Papa como autoridade e liderança espiritual.
Ela é composta por treze igrejas independentes, cujos nomes são relativos as suas localidades, onde as mais importantes são a Grega e a Russa. Outras são: Constantinopla ( atual Istambul), Alexandria, Antióquia e Jerusalém ( as mais antigas), Sérvia, Romênia, Bulgária, Geórgia, Chipre, Albânia e República Tcheca.
Teologicamente, a Igreja ortodoxa se considera criada por Jesus e portanto a verdadeira igreja de Cristo, tendo sua origem relativa aos apóstolos originais, em uma corrente contínua de sucessões que mantem os ritos originais dos padres apostólicos.
A estrutura da religião se compõem em primeiro lugar ao Patriarca de Constantinopla, que seria o ecumênico universal ou “o primeiro entre os iguais” expressão usada para defini-lo. Esse patriarca tem esse título de honra especial e seria equivalente ao Papa para os católicos apostólicos romanos, apesar de não ter o caráter de liderança que o Papa tem.
Abaixo está os Patriarcas, cabeças da religião. O clero se compõem também dos bispos e arcebispos que são considerados como iguais entre si e guardam o celibato, e finalmente os padres que podem casar, contanto que o tenham feito antes dos votos.
A autoridade máxima é o Santo Senado Ecumênico, que integra os patriarcas líderes e arcebispos das igrejas independentes (Chipre, Grécia, Albânia e República Tcheca). Há ainda as autoridades regionais, chamadas de Santo Senado Local.
Os livros sagrados da igreja são o Novo Testamento, decretos dos sete primeiros concílios ecumênicos e obras patrísticas.
Os ritos são solenes, com músicas apenas cantadas por coral pois instrumentos são proibidos. São proibidas também imagens esculpidas, porém são venerados ícones de Jesus, Maria ou santos ( representações artísticas e espirituais de uma pessoa ou evento santo). Abaixo a cruz ortodoxa, símbolo da igreja:
As várias igrejas tem seus rituais semelhantes, seguindo as linhas principais: bizantino, alexandrino, antióquio, armênio e caldeu, porém todos são livres nas suas administrações.
A palavra “ortodoxo” significa doutrina reta e tem com o catolicismo romano várias características em comum como: a crença na Bíblia, a Santa trindade ( com a ressalva que o Espírito Santo vir do Pai e não do Filho) e aceitar Jesus como filho de Deus.
Contudo, há entre as duas muitas diferenças. Uma bastante significativa é o processo de salvação, que não se dá por meio da fé e sim por “theosis” ( divinização) , ou seja o cristão vai sendo progressivamente divinizando. A salvação pode inclusive ser conseguida após a morte, pela ação das orações dos vivos ou ainda a salvação pode ser perdida de acordo com os atos do cristão.
As pessoas, nessa igreja não são encorajadas a ler a Bíblia, o que destoa bastante da recomendação ao católico romano. Outras diferenças são: crença na assunção de Maria, batismo por imersão, comunhão com vinho e pão e não hóstia banhada no vinho, não reconhecimento da existência do purgatório e em algumas circunstâncias aceita o divórcio.
Um santo para ser declarado como tal, não é canonizado simplesmente pelo clero, e sim o povo atua nesse reconhecimento de santidade.
A maior festa para os cristãos ortodoxos é a pascoa (ressureição), que não coincide com a páscoa católica romana, já que os ortodoxos usam o calendário juliano e não o gregoriano, ocorrendo mais tarde do que o ocidental.
O coração da religião é a vida ascética e monástica. O mosteiro mais importante fica na Grécia, no monte Athos. Nesse local, a entrada das mulheres é proibida.
No Brasil, a igreja ortodoxa chegou em 1904, através de imigrantes árabes. Em 1954 foi inaugurada a Catedral Ortodoxa de São Paulo, mostrada abaixo: