Politeismo

08/01/2021 23:01

Politeísmo

 
 

O politeísmo é um sistema de crenças que admitem a existência de vários deuses.  São várias as religiões com essa característica espiritual, como as indígenas do mundo todo e as neo-pagães baseadas ou inspiradas em crenças antigas celtas, gregas, romanas, entre outras tantas. Aqui abordaremos o assunto de forma geral, buscando entender o modo de ver e sentir sob o ponto de vista de um politeísta.

Esse texto é baseado em entrevista concedida ao Enigmas, de Bia Rosa De Gaia, astróloga, filósofa, mestre em linguística e especialista em métodos divinatórios de Roma e Grécia antigas e logicamente politeísta.(10/2015)

Inicialmente vale ressaltar que Deuses podem ser explicados, a grosso modo, como arquétipos, que segundo Jung, são conteúdos psíquicos do inconsciente coletivo, que dão origem as fantasias e as mitologias de todos os tempos.

A visão que Bia nos traz, é mais ou menos esta:

De forma racional, assim como no monoteísmo, também podemos entender a realidade de se ter infinitos deuses, através de suas hierarquias variadas, por ordem de criação e/ou importância, representando as mais diversas forças a que o homem está sujeito.

Mas quando se usa a razão para explicar a realidade espiritual, se categoriza essa realidade entre o “eu” e o “divino” e se perde o deslumbramento em relação a criação. No politeísmo não existe o ser apartado da natureza, por isso não cabe a pergunta do quem criou quem, se o homem criou os arquétipos, ou se os deuses nos criaram, porque tudo esta interligado, em uma lógica que não se prende a tempo e espaço.

A espiritualidade, portanto, é a energia, a emoção que nos conecta ao sagrado. A analise racional sobre isso é uma mera ferramenta interpretativa. Uma ferramenta fenomenal, mas não é a única, nem a mais importante.

No politeísmo, o rezar adquiri uma conotação um pouco diferente daquela tradicional. De forma simplificada, a pessoa traz o arquétipo, ou o Deus que mais se encaixa no sentimento e momento vivido, e trabalha internamente essa psico energia, fazendo uma relação mágica entre o interno pessoal e o externo divino, por isso, estão ligados intrinsicamente os dois polos, fazendo parte de uma mesma realidade.

Dentro desse conceito, está o resgate do que se chama Feminino Sagrado, ou seja, uma visão que tínhamos no passado da humanidade, de integração e conexão com a natureza e com a nossa própria essência, e o sentimento mágico e pleno que temos diante da vida.

Nesse sentido, o ser humano comum, que não tem essa visão holística da realidade, não percebe a falta que faz essa conexão e acaba por adoecer física e psiquicamente. Na busca pela cura, acha remédios, que o fazem retomar a funcionalidade no mundo, porém, esse homem continua apartado e agora anestesiado da realidade maior de seu próprio ser.

Hoje, o que temos de mais puro em relação a não racionalização da espiritualidade, talvez seja o xamanismo, que apesar de tão antigo, existe vivo ainda até hoje através de nossos índios por exemplo. Seus ritos despertam a sensibilidade de modo que se possa passar pela experiência dessa conexão espiritual, muitas vezes através de ferramentas simples como o som ritmado de um tambor ou das chamadas medicinas da floresta.

No politeísmo não existe o bem e o mal, o bom ou o mau, se está no mundo, faz parte da natureza, e a análise é: se não acho razoável, não descarto, transformo em mim e em minha vida.

Apesar disso, não há uma visão evolutiva da vida, estamos no mundo para sermos felizes, simples assim. E afinal, não existe nada mais revolucionário do que ser feliz!

 

Natália Verdial